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Novos rótulos em alimentos e bebidas

A comunicação do valor nutricional vai mudar. Entenda os principais modelos em discussão

Reportagem especial da revista Carta da Indústria

Ao comprar um alimento ou bebida, você presta atenção na sua composição e valor nutricional? A forma como as indústrias precisarão comunicar essas informações aos consumidores vai mudar. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está em processo de revisão das normas da rotulagem nutricional.

Dois modelos distintos estão se destacando no debate: um baseado na realidade chilena e outro inspirado nos modelos europeus, defendido pela Firjan e pela Rede Rotulagem, formada por 20 entidades nacionais ligadas ao setor produtivo de Alimentos e Bebidas, entre elas a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) e a CNI.

“Defendemos um modelo educativo, oferecendo ao comprador as informações básicas de que necessita para fazer escolhas com autonomia e consciência”, explica Ronaldo Nogueira, assessor do Fórum Setorial da Cadeia Produtiva de Alimentos e Bebidas da federação, ambiente no qual o assunto vem sendo debatido.

Por isso, a proposta consiste na adoção de um modelo em que as informações nutricionais são apresentadas de forma clara e objetiva. Os destaques ficam por conta das cores, que avisam as quantidades de açúcares, gordura saturada e sódio, indicadas na porção que está sendo adquirida e comparada ao consumo máximo diário recomendado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) para uma dieta de 2.000 kcal.

Na prática, não faz sentido apontar apenas a quantidade de nutrientes por 100 g se, diariamente, o consumidor ingerir outra quantidade daquele alimento. Para não haver confusão, a Rede Rotulagem defende que a declaração nutricional nos rótulos contemple a referência às porções usualmente ingeridas dos alimentos, definidas por critérios técnicos, com a respectiva quantidade em gramas ou mililitros e sua correspondência em medidas caseiras.

Além disso, as informações sobre os nutrientes devem ser reforçadas pelas legendas ALTO, MÉDIO ou BAIXO, em letras maiúsculas, e também pela utilização das cores vermelho, amarelo ou verde, aplicadas sobre fundo branco, para facilitar a legibilidade e a compreensão.

Alarmismo é equivocado

“Temos todo o interesse em informar o consumidor, até porque é um direito dele. As pessoas precisam entender a composição dos produtos e como eles afetam sua alimentação, positiva ou negativamente. As cores do semáforo são universais, todo mundo compreende, além de ser uma linguagem mais agradável visualmente”, afirma Sergio Duarte, presidente do Sindicato das Indústrias de Alimentos do Município do Rio (Siarj) e vice- presidente da Firjan.

A ideia pensada a partir da experiência chilena é um modelo de alerta com triângulos ou hexágonos, que não apresenta as quantidades de cada item nos produtos, ou seja, não realça a informação, de fato. Por meio de selos de advertência na parte da frente, as embalagens do país sul-americano taxam o excesso de açúcar, sódio e gorduras totais e saturadas, além da presença de adoçante e gordura trans em qualquer quantidade, em alimentos processados e ultraprocessados.

“O rótulo preto assusta o consumidor em vez de informá-lo. É um modelo que generaliza os produtos e traz conotação muito ruim. Precisamos educar os consumidores, não pregar o alarmismo”, defende José Carlos Trica, sócio-proprietário das Massas Nápoles.

Consulta pública

Fique atento! Em setembro, em dia ainda a ser definindo, ocorrerá uma consulta pública, organizada pela Anvisa, para debater o tema. É relevante a contribuição das indústrias do setor e das instituições que as representam, como federações e associações, para que a alteração seja a melhor possível, tanto para a sociedade quanto para o setor privado. “É importante o engajamento de todo o setor produtivo de Alimentos e Bebidas na defesa de um modelo que priorize a melhor informação, e não o alarme, para a rotulagem nutricional frontal no Brasil”, pondera João Dornellas, presidente da Abia.

 

ESTIMATIVAS DE IMPACTOS DO MODELO DE ALERTA CRITICADO

R$ 24,4 BILHÕES

IMPACTO DIRETO DA QUEDA DAS VENDAS NA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ALIMENTOS

R$ 46 BILHÕES

PERDAS PARA O SETOR AGROPECUÁRIO

1,9 MILHÕES

FECHAMENTO DE POSTOS DE TRABALHO

R$ 8,9 BILHÕES

QUEDA NA ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS

Fonte: GO Associados

 

O QUE PENSA O CONSUMIDOR?

7 EM CADA 10 BRASILEIROS PREFEREM O MODELO INFORMATIVO COLORIDO

89% ACHAM QUE O MODELO COLORIDO INCENTIVA ESCOLHAS MAIS SAUDÁVEIS

66% CONSIDERAM QUE O MODELO FACILITA A COMPARAÇÃO ENTRE PRODUTOS

64% ACHAM QUE O MODELO COLORIDO ESTIMULA MAIS EMPRESAS A APRIMORAREM SEUS PRODUTOS

Fonte: Ibope Inteligência

Para informações sobre o tema e sobre a consulta pública, entre em contato com Ronaldo Nogueira, assessor do Fórum Setorial da Cadeia Produtiva de Alimentos e Bebidas da Firjan, pelo e-mail rmartins@firjan.com.br

Fonte: Firjan

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